Susana Esteban Procura Tinto 2019

The Wine Advocate
RP 93
Avaliado por: Luis Gutiérrez

Nenhum vinho foi produzido em 2018, então, após o 2017, pulamos para o tinto 2019 Procura Tinto, um corte 50/50 de Alicante Bouschet e o clássico blend de vinhas velhas da Serra de São Mamede (Trincadeira Preta, Aragonez, Grand Noir, Alicante Bouschet, etc.), fermentados e maturados separadamente. O vinho apresenta boa maturação e 14,5% de teor alcoólico, sendo mais elevado devido à maturação avançada da Alicante Bouschet, colhida assim para evitar o caráter herbáceo da uva, do qual a enóloga não gosta. É um vinho potente e concentrado, com paladar de médio a encorpado e muitos taninos. Precisa de tempo e/ou pratos robustos. Foram produzidas 5.200 garrafas. Foi engarrafado em dezembro de 2021.

Susana Esteban é uma enóloga da Galícia que construiu a sua carreira em Portugal — trabalhou na Quinta do Côtto e na Quinta do Crasto, no Douro, e mais tarde no Alentejo, onde atua como consultora para várias vinícolas e possui o seu próprio projeto desde 2011. Produz entre 35.000 e 40.000 garrafas por ano. A cada ano, ela realiza uma colaboração com outro enólogo ou personalidade do vinho — um vinho chamado Sidecar — os dois últimos foram feitos com o produtor de Champagne Emmanuel Lassaigne e o distribuidor galego José Luis Aragunde, da Ribeira de Fefiñáns.

Ela trabalha na zona de Portalegre, uma parte mais fresca e de maior altitude do Alentejo, onde a maturação é mais lenta e a vindima ocorre mais tarde do que no sul da região. Trabalha com vinhedos arrendados e compra uvas, mas adquiriu uma propriedade em Alegrete, onde plantou cinco hectares — 60% de castas tintas e 40% de brancas — que, no futuro, complementarão o portfólio atual.

Degustei os lançamentos atuais, principalmente das safras de 2021 e 2022, e alguns vinhos de safras anteriores, como 2017, para observar a evolução dos vinhos. Tanto 2021 quanto 2022 tiveram verões muito quentes, com bloqueio de maturação das uvas. O efeito da safra é mais brando na zona montanhosa (Serra de São Mamede), onde as noites são mais frescas do que em Estremoz ou no sul do Alentejo. Em 2021, houve mais chuva no inverno; 2022 foi mais seco. O estilo dos vinhos é bastante semelhante, e Esteban acredita que isso se deve ao fato de trabalhar com vinhas velhas plantadas com variedades mistas, que se equilibram mutuamente numa zona de maior altitude.

Os vinhos brancos são desengaçados e prensados em prensa vertical; o mosto decanta por uma noite e fermenta, na maior parte, em inox, mas também em barro e carvalho, sempre com leveduras indígenas, sem fermentação malolática, e depois é envelhecido sobre as borras finas por um período relativamente longo. Os vinhos evoluem lentamente em garrafa.

Os vinhos tintos fermentam, na sua maioria, desengaçados — ela não gosta de notas herbáceas nos tintos — em inox com leveduras indígenas, com malolática geralmente também em inox e envelhecimento, geralmente, em carvalho usado e neutro, por um ou dois invernos, dependendo do vinho. Ela utiliza muitos recipientes diferentes — muitos deles usados anteriormente para os vinhos Sidecar — para envelhecer os vinhos: foudres, barricas grandes e pequenas bem usadas e neutras, ânforas (talhas), inox. A maioria dos vinhos provém de vinhedos específicos, e o seu objetivo é preservar a identidade de cada lugar.